quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016

Talking about my celiac disease.

Alguns anos de frustração. Momentos que pareciam não ter fim quando a dor decidia aparecer. Desmaios, vómitos, um mau estar constante e uma preocupação do tamanho do mundo para quem me rodeava. Mas, felizmente, tudo isso acabou. Descobri que a razão de tudo isto se centra numa doença autoimune: intolerância ao glúten. Não, não gosto particularmente do facto de ter de excluir da minha vida tudo aquilo com que cresci. Aliás, nunca me apercebi da imensidão de alimentos que ficaria privada de comer até não ter outra alternativa: pão, massas, bolachas, bolos, bebidas… Todo um leque de coisas que adorava e que, agora, não posso mais adorar.
Embora no início considerasse que não me podia ter acontecido nada pior, agora eu sei que tive muita sorte. Pelo menos tenho uma doença que posso controlar, ao invés de deixar que ela me controle. Simplificando… Se como glúten, morro de dores, se não como, estou bem.
Mas, agora, há alternativas e, quando não há, eu invento. Ironicamente, vou-me apercebendo, aos poucos, da existência de pequenas coisas escondidas nos recantos dos supermercados com o símbolo “isento de glúten” e, em cada uma dessas vezes, há um sorriso que se solta, como se a sociedade estivesse a levar em consideração pessoas como eu. É bom, tolo da minha parte, talvez, mas bom.
A única coisa que, para mim, continua a ser foco de frustração (para além das vezes em que ingiro glúten sem saber que ele está lá) é a, ainda tão assente, ignorância das pessoas. Penso que nem toda a gente assume esta doença como sendo, de facto, uma doença. Nas suas cabeças, isto diz respeito ao facto de alguém se privar de comer certas coisas porque está perante mais uma dessas “dietas malucas”. Mas, desenganem-se. É uma doença que, como qualquer outra, ninguém desejaria ter.

Espero, sinceramente, que a sociedade evolua no que diz respeito a este tipo de doenças, talvez menos debatidas. Espero, mais ainda, que toda a gente seja capaz de identificar o que lhe está a fazer mal e que uma ideia fique bem vincada: não se preocupem se ainda não encontraram a razão da vossa dor ou dos sintomas pouco normais, apenas continuem a procurar, não desistam e, acima de tudo, não deixem passar em branco os sinais que o vosso corpo vos dá.

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